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Durante o verão, a IGN FilmForce estava entre os seletos e sortudos escolhidos para voar até Toronto e visitar os sets durante a produção. Fomos especialmente sortudos em passear pelo set em um dia onde uma das cenas mais legais e assustadoras estava sendo filmada. Na cena, Rose (Radha Mitchell) tinha de andar por uma sala escura cheia de enfermeiras parecidas com zumbis, conhecidas como as "Enfermeiras Obscuras". Essas enfermeiras estão em uma espécie de estado catatônico. Luz ou contato físico fará com que elas acordem, logo Rose tem de passar entre as Enfermeiras Obscuras na total escuridão.
As Enfermeiras Obscuras estão vestidas como múmias, com bandagens brancas sujas cobrindo seu corpo. Conforme Rose se move entre elas na cena, ela fica perigosamente perto de encostar. As enfermeiras ocasionalmente se contraem e parecem observá-la enquanto ela passa. Descrever a cena não faz jus, mas assisti-la no set foi suficientemente assustador. Vai ser uma cena muito assustadora na tela. Ela foi filmada em Alta Definição e nos foi avisado que ela parece mais clara em pessoa do que será na tela. A luz será diminuída e as cores mutadas nos estágios de edição.
Divertido o suficiente, na hora do almoço alguns jornalistas se sentaram e almoçaram com as atrizes vestidas de enfermeira. Apesar de seu aspecto assustador, elas eram muito simpáticas. A maioria delas era também bem atraentes, mesmo com as bandagens, o sangue seco e tudo o mais.
Enquanto andávamos pelos sets, tivemos a chance de falar com o diretor Christophe Gans, que estava muito empolgado em nos mostrar os sets e nos contar sobre a cena que estavam filmando. Sendo ele um fã de videogame, Gans admitiu livremente que estava muito decepcionado com os filmes de jogos feitos até agora. Ele demonstrou claramente um conhecimento extenso sobre os jogos Silent Hill e uma esperança confiante de que seu filme fará jus ao jogo. Gans será o foco da segunda parte de nossa matéria sobre Silent Hill na semana que vem.
Hoje apresentaremos uma conversa com o elenco, incluindo Radha Mitchell (completa com o sangue seco da cena com as enfermeiras), Sean Bean, Deborah Kara Unger e Laurie Holden.
À primeira vista, a escolha de Mitchell no papel principal de Rose pode parecer um pouco surpresa. A atriz tende a participar de trabalhos alternativos (Melinda e Melinda) e dramas ("Man on Fire", Em Busca da Terra do Nunca). "Acho que a atração maior para mim foi... Christophe", diz Mitchell.
"Vi [O Pacto dos Lobos] e fiquei intrigada e fascinada porque achei um filme belo, empolgante, estranho e bizarro. E então conheci Christophe e fiquei enfeitiçada, obviamente, por ele. E acho que foi isso. Desde então, enquanto estivemos fazendo o filme, vimos a visão e o roteiro tomarem vida. E é uma peça muito visual, logo quando você a lê você não entenderá do que se trata. Mas, uma vez que estamos trabalhando no filme, cada dia se tornou um ataque aos sentidos. E acho que hoje foi somente um exemplo disso... Acho que Christophe tem um toque realmente interessante no conceito do videogame. Você tem o senso de como deve ser ficar preso nessa situação. Acho que esse é o desafio principal... fazer variedade e manter interessante..."
"Em muito do tempo estamos reagindo a coisas que não estão necessariamente em frente a nós e a coisas que estamos imaginando, e tivemos que, você sabe, imaginá-las ao mesmo tempo. Logo encorajamos constantemente o público a fazer barulhos para nós, para que possamos, você sabe... e serem assustadores. Assim, todos tiveram de se tornar um ator nesse filme, incluindo a equipe. E isso foi interessante..."
Deborah Kara Unger faz o papel de Dahlia. "Dahlia foi extraordinária porque eu acho, para crédito de Christophe e certamente da equipe inteira de efeitos especiais e design, ele realmente, realmente capturou a essência dela e a extendeu para o pesadelo psicológico que capturaria a imaginação dos fãs do jogo. Assim, foi uma exploração muito mais profunda do que eu imaginei. Sou uma espectadora de todos os [web] sites e amo a variada análise de competição entre os diferentes personagens... Com Dahlia, foi uma jornada psicológica extraordinária para mim, como atriz, abraçar essa passageira entre os mundos. E, como uma profeta louca e levemente críptica, similar à essência óbvia do jogo, foi uma delícia interpretá-la..."
O elenco teve vários níveis de experiência sobre jogar o Silent Hill original.
Mitchell: "Não sou uma jogadora muito boa, para ser honesta. Tentei jogar o jogo e especialmente me tornar mais familiar com os personagens. Quero dizer, é um jogo realmente incrível, visto o limitado conhecimento sobre ele que eu tenho. E ele tem um senso real de uma espécie de poesia e melancolia, e coisas que você não espera em um jogo. Acho que é isso que me atrai nele. Mas, em relação a realmente passar pelo jogo... (risos) sempre fico presa na cerca. Não consigo sair da cerca. Mas quero dizer, tenho certeza de que todo mundo teve uma experiência diferente. E Christophe, ele é conhecido por passar cerca de dois a três dias direto em seu quarto, jogando o jogo sem parar, sem ir ao banheiro".
Unger: "Laurie e eu ficamos presas no mesmo ponto, que é realmente irritante. E ouço... porque geralmente ouço passos e, claro, o som da destruição dos monstros. Gosto de destruir. Estou impressionada com as pessoas que compram pedras e aliens. Quero dizer, quem são eles? É incrível".
Bean: "Não vi o jogo. Vi uma foto. Vi a capa mas foi só..."
Holden: "Joguei o jogo após ter o papel e conhecer Cybil. E logo, você sabe, o que é maravilhoso sobre o filme é que eles a honraram, visualmente. Eu pareço com ela e realmente capturo sua essência. Mas, como Sean e Deborah estavam dizendo, Christophe e Roger Avary, juntos, sentaram e criaram uma história para essa personagem, o que realmente ajuda a encarná-la. Então você realmente, certamente... seus fãs, os jogadores e a platéia a conhecerão um pouco melhor e, você sabe, serão tocados pelo que ela representa no filme".
"Cybil é uma mulher que cresceu em Brahams, que é uma pequena cidade fora de Silent Hill", diz Holden. "Ela é um pouco como um lobo solitário, no sentido de que sua mãe morreu quando ela tinha treze anos e nunca houe um pai por perto. Foi uma comunidade muito religiosa, Brahams, logo eu acho que por minha mãe ser uma mulher de fé e morreu de uma forma muito dolorosa, isso realmente assustou Cybil. E ela meio que renunciou a qualquer tipo de religião por causa do que aconteceu com sua mãe. Por isso acho que ela é meio fechada, não tem muitos amigos. Mas está tudo certo para Cybil porque ela encontrou seu chamado, que é servir e proteger. E, realmente, ela quer salvar crianças. Há diferentes coisas que aconteceram em sua vida... Ela quer ser como uma mãe salvando as crianças. Essa é Cybil."
"É interessante o jeito como os rlacionamentos são construídos no filme", diz Mitchell. "O relacionamento entre nossos personagens, não é estereotípico... Todos os personagens são meio encarnados e misteriosos..."
Unger adiciona, "Eles também são maravilhosamente interligados psicológica e metaforicamente. O que Christophe fez serviu muito de inspiração para nós como atores e também para a equipe. Visualmente, para a equipe, foi um choque".
Sean Bean interpreta o marido de Rose, Chris DaSilva. "Ele é um tipo de empresário bem sucedido. Eles vivem em uma boa casa. As coisas parecem ir bem, ao lado da filha. E passo a maior parte do tempo andando por aí, tentando achar níveis diferentes de atuação, níveis diferentes de tempo. Mas ele é um cara legal, um tipo comum de cara com um pouco de dinheiro, que se veste bem e anda de BMW. É totalmente materialista".
Bean falando de Gans: "Acho que Christophe... ele tem... em mente que você sabe e mesmo se não é passado para uma platéia ou você não tem a oportunidade de mostrar esse lado, ele dá a você uma espécie de apoio mental, dizendo que você sabe, você conhece a história, você tem o material. Sabe, é bom inventar coisas, acredite nisso e isso sempre estará lá. Apesar de isso ser passado através da tela ou não".
Uma promessa que Gans fez com o projeto é que será um filme de horror/suspense e não atrairá críticas. Mitchell confirma: "Não é o filme típico onde todos matam os monstros. E, quero dizer, há algo assim, mas parece muito real. Houve a clara decisão de nos fazer entender, nas situações onde estamos encarando coisas incríveis — como você viu hoje (na cena das Enfermeiras Obscuras) — que se estamos realmente lá, é sério. Não há humor implícito no filme... como piscar para a platéia. É muito sério. Como se houvesse realmente acontecido".
"Tocamos a área da metáfora e do simbolismo que é onde isso é específico a Christophe", adiciona Unger. "E não há nada ao redor deles porque há muitos detalhes. Não há terra vermelha, por exemplo. Não há tolerância, ele não tolera esse tipo... porque é uma jornada psicológica interna muito específica. E isso é fundamental para esse apelo certeiro ao jogo. Foi demais trabalhar com uma mente tão brilhante e fazer escolhas que serão compartilhadas com a platéia em tal nível que certamente eles sentirão o impacto dessas escolhas".
"Gostaria muito de ver isso", diz Bean. "Gostaria de ver que tipo de coisa acontece. Me foi dito que é um tipo psicológico de horror. Não é algo como pessoas tendo suas pernas cortadas e violência gratuita. Acho que é algo sobre o que você tem de pensa a respeito. Tenho dito. Mas, você sabe, pelo que vi e pelo que Christophe criou, é fascinante. E para todos, é a opinião deles que ele tenha essa elegância e estilo que não seja apenas horror absoluto, há um tipo de poesia nisso..."
Analisando o resumo de Mitchell, Silent Hill é uma escolha muito diferente para a atriz. Ela diz apreciar a nova oportunidade. "É muito empolgante estar em um filme onde o diretor vem com uma idéia, uma grande idéia, e sei que é algo que pode tomar vida. E você pode ser parte de um grande projeto. Eu também gostei muito de fazer filmes que são baseados em personagens e sobre as nuances de relacionamentos. Ser capaz de fazer ambos é perfeito".
Como mencionado anteriormente, Mitchell está com um pouco de sangue seco da cena passada. "Isso é só o início. E, sim, há um todo, há uma arte e uma ciência nisso. E há pessoas cujas cabeças estão guardadas para manter [a continuidade] e cada fio de cabelo, você sabe, tão bagunçado como está agora. É muito design. Quanto isso demora? Demorava mais no início. Acho que agora é feito em aproximadamente 40 minutos, toda a maquiagem. E é ótimo porque não tenho de lavar o cabelo..."
"Eu acho que não cai sangue em mim nunca", diz Bean com um sorriso.
"Eu fico muito ensangüentada", diz Holden. "Tenho de dizer, sabe, a equipe foi maravilhosa. Cabelo e maquiagem foram incríveis nessa jornada porque a continuidade que eles tiveram de manter conosco durante os vários graus de sanguinolência e sujeira, é estonteante. Mas, também os projetistas dos cenários e os gerentes de locações, temos os mais incríveis cenários. Acho que os fãs de Silent Hill ficarão nocauteados porque, visualmente, nossos cenários parecem muitíssimo com o jogo. E isso faz nosso trabalho tão fácil porque simplesmente aparecemos e estamos em Silent Hill. Estamos naquele mundo e somos abençoados por estarmos rodeados por tão grandes artistas".
"Os cenários são definitivamente personagens do filme. E eles têm estados emocionais pois mudam, você verá o mesmo cenário e o verá de uma perspectiva completamente diferente. É como uma espécie de alucinação. Você reconhecerá os cenários conforme se tornar mais envolvido na história".
Silent Hill promete fazer as platéias pularem quando tudo estiver feito. Mesmo o elenco admitiu ter arrepios nos cenários.
Holden ri. "Quantos eu posso contar? Quero dizer, há tantos. Esse é um filme de terror... É apavorante porque ele está muito enraizado em verdades psicológicas. E realmente não é aleatório, não está lá por estar... como dizemos, não há fator queijo. É realmente muito assustador porque é muito profundo".
"Mas ao mesmo tempo Christophe não atrai críticas no que diz respeito ao fator sanguinolência", diz Bean. "Se algo ruim está acontecendo, você pode apostar que é uma bagunça".