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"Joguei o primeiro há cinco anos", diz Gans. "Logo passamos cinco anos discutindo esse filme. O que [demorou] tanto foi conseguir contato com as pessoas na Konami [e convencê-las] que faríamos algo muito fiel ao jogo. O time de Silent Hill é um time de três ou quatro caras e eles são muito, muito conscientes do que conseguiram, e não queriam que ninguém acabasse com seu trabalho..."
Gans diz que o fime sofre influências dos três Silent Hill. "Serei muito preciso. É uma [combinação] de Silent Hill 1 com alguns elementos do terceiro, que é uma continuação direta do primeiro, e com a aparência do segundo, que é meu favorito. Mas acho que, não é como juntar três jogos em um filme. Não tentamos fazer isso. Realmente tentamos adaptar o primeiro, mas havia elementos tão bons no segundo e no terceiro, que não resistimos... Além disso, porque, se por exemplo, você ler o guia estratégico do terceiro, verá que ele na verdade está tentando explicar o que aconteceu no primeiro. E isso é um processo muito interessante, porque o primeiro jogo parecia uma criação muito espontânea. Mas depois, tentamos fazer algo com ele, tentamos criar uma mitologia, e é isso que estamos tentando fazer com o filme — ser absolutamente fiel àquela mitologia..."
"Algo que surpreenderá as pessoas que amam o jogo é que a história, que fica no fundo [dos jogos] agora é o primeiro plano... Então não será apenas alguém andando durante uma hora e meia... Isso é impossível. Tivemos de trazer a história para o primeiro plano. A história no filme é exatamente como no jogo. Alguém andando sozinho pelas ruas, na cidade, na escuridão... Ligo isso ao jogo, sabe, para tornar [fiel] às experiências de jogar. Senão, sim, falamos sobre a mitologia. O povo de Silent Hill começa, as criaturas originais, começam a se definir com o terceiro. Eles começam a explicar o que aconteceu".
Os quatro mundos do jogo aparecerão fielmente na tela grande. "Não é apenas uma idéia no jogo, é uma idéia de jogo... Acho que as pessoas gostam do jogo porque intelectualmente, é muito renovador e muito desafiador... Ação, níveis, estrutura e arquitetura... Silent Hill é um dos mais desafiadores nesse gênero porque você pode estar em um mundo e subitamente você está em [outro] mundo. Tentamos usar isso ao máximo. Às vezes temos quatro diferentes versões do mesmo cenário... Quando você tenta transcrever a visão de um jogo na tela, não é apenas tentar transcrever a história ou a atmosfera, mas também o prazer de jogar..."
"Para mim, ainda não vi nenhum filme até agora adaptado de um jogo que realmente me dê essa sensação..."
"Às vezes um filme que não é adaptado de um jogo me dá a sensação de um jogo. Como, por exemplo, Perdidos no Espaço. [Esse] me deu a sensação de um jogo, de estar dentro de um jogo... Mas na maior parte do tempo, os filmes adaptados de jogos pegam apenas o nome..."
"Sou muito respeitoso. Acho que é uma forma de arte e acho que sou muito capaz de tentar não apenas produzir Silent Hill o jogo, mas a experiência que foi minha experiência em Silent Hill. É isso que estou tentando alcançar. Não é fácil, mas acho que, no pior dos casos, o filme será extremamente respeitoso". (risos)
Em relação ao aspecto obscuro do filme, Gans admite basear-se em diretores como David Lynch, David Cronenberg, Michael Mann e outros, assim como o próprio jogo. "Eu estava assistindo Colateral, o filme de Michael Mann, e percebi que havia alguns momentos incríveis... [Quisemos] transcrever a escuridão na tela, e como conseguir a mesma sensação que temos no jogo, onde na verdade um personagem é iluminado apenas por um Zippo [isqueiro], sem mais nada ao redor. Então [fizemos] alguns testes e percebemos que era muito interessante trabalhar emvisão noturna porque temos um elemento muito, muito claro e depois podemos trabalhar e cair na escuridão o quanto quisermos apenas para dar a sensação de que estamos exatamente no jogo..."
"Por agora, posso lhe dizer, uma parte do filme é filmada com uma câmera — simplesmente para produzir o ponto de vista isométrico... E, também fiz isso em O Pacto dos Lobos, em algumas seqüências. Nesse caso e extensivo... Você verá um movimento de câmera voando sobre tudo. Foi meio divertido trabalhar assim... Até construimos cenários que são móveis, simplesmente para ter incríves movimentos de câmera que reproduzem exatamente alguns dos movimentos de câmera que você viu no jogo. Fomos muito além disso..."
O próprio jogo mostra as referências ocasionais do filme, mas Gans tentou se manter livre de referências evidentes para manter o filme original da sua própria maneira. "É claro, sou um fã de videogames e quando joguei pela primeira vez, vi a referência a Jacob's Ladder, um filme de Adrian Lyne... Em Jacob's Ladder, há basicamente duas seqüências — a seqüência no metrô no início do filme e a seqüência no hospital, onde na verdade você vê a premissa de Silent Hill... Acho que como uma grande criação Silent Hill conseguiu um mundo completamente original. Então basicamente, não tive medo de adaptar Silent Hill... Não acho que você encontrará nenhum elemento de [Jacob's Ladder nesse filme]... Acho que Silent Hill é uma bela criação, mas existe por si só e sem nenhuma referência óbvia..."
O truque para fazer um bom filme de um jogo é chegar em um resultado final que apele aos não-jogadores também. "Isos é um grande desafio e é por isso que, quando começamos a escrever o filme, éramos basicamente três diretores — Roger Avery, que é um grande roteirista e também diretor, Nicholas Boukhrief, que é um grande diretor na França e mtambém um grande jogador de videogame, e eu... Éramos três caras, três diretores, três jogadores tentando descobrir como fazer um filme que possa satisfazer os fãs do jogo, porque pertencemos a esse time e não queremos f*der Silent Hill... E ao mesmo tempo, como fazer um filme que alguém que não é familiar com o jogo possa assistir. Como um grande jogo, Silent Hill tem uma história dentro de si. É claro que essa história está muito do tempo no fundo do jogo porque você tem de jogar, mas se você tomar cuidado e jogar de novo e de novo o primeiro... O segundo, especialmente o terceiro... Repentinamente você percebe que há uma grande história por trás do jogo e é isso que tentamos instaurar no filme".
Na cena que vimos no set, a atriz Radha Mitchell, que interpreta Rose, teve de andar por uma sala cheia de enfermeiras obscuras quase sem movimento em completa escuridão. "Isso é interessante, criar uma seqüência de suspense com monstros que não se movem... Todos vemos muitos filmes de Hollywood e sabemos que a [moda] hoje é ter muito movimento, cortes rápidos e tudo o mais. Acho que é interessante às vezes fazer o oposto. Gosto dessa idéia de que essa é uma cena de suspense entre pessoas que não estão se mexendo..."
O elenco de Silent Hill foi montado com esmagadora aprovação dos fãs e leigos. Ao invés de buscar nomes óbvios e conhecidos, Gans e sua equipe procuraram por um elenco talentoso, menos conhecido, que se encaixa nas partes individualmente. "É uma questão de sentimento. Sabemos que, se você jogou Silent Hill, cada personagem tem uma qualidade muito especial e são ambos distorcidos e sofisticados. Tentamos manter isso em mente quando fizemos o elenco nesse filme... Não tentar necessariamente grandes nomes, mas atores interessantes que têm o talento nato... Como Alice Krige ou Deborah Kara Unger... Elas não são como os nomes comuns, mas ao mesmo tempo você sabe que elas trarão algo especial ao filme. O filme foi interiamente financiado pelo título. Então para quê resistir à tentação de ter um grande elenco?"
Gans sente que se trata mais de um fime de suspense do que um festival de sangue. Embora haja sangue, não será um festival de sange por si. "Acho que Silent Hill não é algo sanguinolento. É mais perturbador... É constantemente perturbador... Tentamos manter essa qualidade perturbadora..."
O foco de Gans está em criar a tensão e o clima geral que levará aos sustos. "É difícil dizer agora, porque estou no meio do processo. É difícil para mim dizer que será absolutamente tão assustador quanto o jogo. Espero que seja tão assustador quanto... Estou fazendo tudo para isso. Ao mesmo tempo, é difícil porque sabemos que o jogo não é apenas grandes imagens, há também o som. O som é incrível no jogo. E a música..."
Os fãs ficarão felizes em ouvir que a música do filme Silent Hill é composta por Akira Yamaoka, que também compôs a música para os jogos. "É uma obra de arte. É uma bela trilha sonora... Estamos editando o filme ao mesmo tempo em que filmamos e adoro usar como músicas temporárias as trilhas sonoras originais de Silent Hill 2 e 3. Imediatamente, podemos ver se conseguimos algo próximo do jogo. A música é uma das essências do jogo".
Poucos gastos foram poupados na tradução de Silent Hill para o cinema. A renomada designer de produção Carol Spier foi trazida ao grupo para criar os cenários desde a base. "Ela é um gênio e amo seu trabalho... Especialmente seu trabalho com com David Cronenberg. Acho que ela é a pessoa certa e fiquei muito feliz de trazê-la a esse projeto, porque para uma designer de produção, é como um projeto dos sonhos — temos tantos cenários para construir... Às vezes há um movimento, e você tem três locações... Temos de fazer isso, porque Silent Hill não existe, especialmente com três ou quatro dimensões..."
"No filme, há 108 locações ou partes de cenários... Então basicamente, é um filme de 110 minutos eu acho... Basicamente, você terá [por volta de] um cenário por minuto simplesmente porque, normalmente, um filme de horror fica confinado a uma sala ou uma casa, mas nunca vimos um filme de horror com uma cidade inteira como essa. Logo foi um novo desafio em termos de design de produção especialmente... [A aparência está] muito próxima [do jogo]. Minha palavra no filme foi seguir o jogo... Seguimos muito de perto... Sou um jogador e um fã muito, muito forte e realmente quero ver o jogo na tela. Eu ficaria muito desapontado se não fosse como o jogo..."
Se O Pacto dos Lobos for uma indicação, Silent Hill deverá trazer um ataque visual aos sentidos. Gans diz que sua cena favorita envolve uma visão do Céu. "No filme, tenho de descrever o Infermo e o Purgatório. A Escuridão é o Inferno e, claro, a dimensão enevoada é o Purgatório. No momento, tenho de filmar algo que pareça com o Céu. Acho que essa é minha seqüência favorita no filme..."